Oito personagens planejam uma viagem, mas no exato momento da partida percebem que o local de onde saem já não é mais tão familiar, fato apreciavelmente esquisito, uma vez que todas julgavam saber onde se encontravam, como se o lugar tivesse simplesmente se tornado outro. Estariam perdidas já, tão cedo (interrogação). O que exatamente teria mudado (interrogação). Antes que pudessem responder, foram subitamente tomadas de assalto pela percepção de que uma vez mais estavam em outro território, mas nenhuma delas lembrava-se de ter começado a viagem.
Tiveram a impressão de que os territórios estivessem misturando-se incessantemente, ou talvez, o tempo passasse a fluxos diferentes, e nada parecia poder parar quieto e simplesmente ser algo estático. Então perceberam que até elas não se sentiam mais as mesmas, e logo não lembravam quantas eram e nem sabiam ao certo onde terminavam e onde começavam as companheiras, como se seus limites fossem mais e mais líquidos, e suas personalidades territórios em constante movimento, que em nada diferenciavam do ambiente que agora já não parecia tão externo assim.
À medida que esta sensação de ausência de solidez instaurou-se, o grupo percebeu que a viagem já havia começado – de fato, ela sempre estivera acontecendo – e seu itinerário incluía territórios, pessoas, tempos, ideias, sensações e sentimentos sem que fosse possível distinguir claramente as fronteiras entre eles, simplesmente porque tais fronteiras não passavam de meras invenções.